Claúdia Fançony, cientista angolana da UMinho, distinguida hoje em Luanda
A cientista angolana Cláudia Fançony, ligada ao Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho (UMinho), recebe, hoje, 6 de abril, o Prémio Nacional Mulheres de Mérito, na categoria “Investigação”, numa cerimónia em Luanda, Angola, de acordo com uma nota da intituição académica.
A distinção do Governo angolano visa homenagear e reconhecer várias mulheres daquele país que se destacam a cada ano em diversos domínios da sociedade. Cláudia Fançony vai ter direito a uma menção honrosa, um diploma de mérito e ao valor de 1,5 milhões de kwanzas (2710 euros).
Cláudia Fançony é licenciada em Biologia Aplicada e mestre em Biotecnologia e Bio-Empreendedorismo em Plantas Aromáticas e Medicinais pela UMinho, doutorada em Saúde Pública pela Universidade do Porto e pós-doutorada pelo Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA) e pelo ICVS da Escola de Medicina da UMinho, ao abrigo do programa Envolve Ciência PALOP, da Fundação Calouste Gulbenkian.
A sua pesquisa centra-se na resistência a medicamentos antimaláricos e na epidemiologia molecular da malária. A cientista lidera um projecto que explora as forças opostas que dois fármacos exercem num único alvo do parasita da malária, para perceber se a resistência deste diminui.
Embora haja muitos fármacos em desenvolvimento nesta área, estes podem não estar disponíveis a curto prazo. Para Cláudia Françony, a alternativa inovadora seria resgatar fármacos já em utilização e criar uma nova combinação, baseada em evidências farmacogenéticas. O seu projeto até 2025 chama-se “ProbeTACT” e vai testar uma terapia combinada tripla à base de derivados de artemisinina, envolvendo o know-how do CISA, do ICVS, do Hospital Pediátrico David Bernardino e o financiamento da Gulbenkian
A malária é endémica em regiões (sub)tropicais de África, Ásia e América, sendo que quase metade da população mundial corre o risco de contrair a doença, segundo a OMS. A malária é transmitida pela picada dos mosquitos Anopheles, contaminados pelo parasita Plasmodium, tendo como principais sintomas a febre e dor de cabeça, que nalguns casos progridem para coma ou até morte. Em 2021 registaram-se 247 milhões de casos e 619 mil mortes por malária no mundo, sendo 95% em África, sobretudo crianças até 5 anos.
Mulheres de excepção
As vencedoras do Prémio Nacional Mulheres de Mérito 2022 foram anunciadas terça-feira, em Luanda, em conferência de imprensa orientada pela presidente do corpo de júri, a historiadora Rosa Cruz e Silva.
A médica Arlete Borges venceu na categoria “Mulher e Cidadania”, a funcionária pública Ema Patrícia na “Superação”, enquanto para a categoria “Economia Azul” o prémio ficou com Maria Faustina, presidente das mulheres marítimas.
Na vertente “Ambiente e biodiversidade”, venceu Graciete Marta; nas “Artes”, Maria Fernandes; na “Saúde”, a médica ginecologista Francisca Kuya, enquanto que na categoria de “Empreendedorismo” sagrou-se vencedora Nádia Mussungu.
O prémio para categoria “Pescas” foi arrebatado por Rosalina António; “Agricultura familiar” fica com Joaquina Francisco, presidente de uma cooperativa agrícola.
Cada uma das vencedoras será comtemplada com uma menção honrosa, diploma de mérito e uma quantia monetária de um 1,5 milhões Kz.
O Prémio Nacional de Mulheres de Mérito visa homenagear e reconhecer, de forma pública, várias mu-heres angolanas que se destacaram num determinado ano, nos diversos domínios do desenvolvimento da sociedade. Com a medida, o Executivo pretende valorizar ainda mais o papel da mulher nos vários domínios.
O júri do Prémio Nacional Mulher de Mérito é constituído, além da presidente Rosa Cruz e Silva, por Carlinda Monteiro, Telmo Ricardo, André Victor, Amor Monteiro, Eva Rosa Santos, Nadir Tati e Fernanda René.