Dia da Paz: F. Tchikondo lança livro em Kigali no dia 4 de Abril
O escritor F. Tchikondo, pseudónimo literário de Francisco Queiroz, procede amanhã, em Kigali, Ruanda, à apresentação e sessão de autógrafos da edição em inglês do romance “O Grande Império Kassitur na Dinastia Sekele”, no âmbito das celebrações do 4 de Abril, Dia da Paz e Reconciliação Nacional.
Com apoio da Embaixada de Angola em Kigali, no lançamento da obra de F. Tchikondo marcarão presença membros do corpo diplomático e da comunidade angolana naquele país, bem como figuras do círculo literário e académico, com destaque para os presidentes da Confederação de Escritores Ruandeses e Pan-africanimo no Ruanda.
Segundo o escritor, o lançamento acontece no dia 4 de Abril, por ser uma data que tem um impacto muito forte na vida dos angolanos, promovendo a paz como um elemento fundamental para o desenvolvimento das nações, um dos grandes temas centrais do seu romance.
“É um livro futurista, considerado um dos primeiros de ficção científica angolana, e está muito relacionado com as questões de paz e a necessidade de um desenvolvimento em clima de paz. Esse livro é também uma celebração da paz. Só é possível atingir os novos paradigmas de modernidade e avanços tecnológicos que engrandeçam a África se houver paz. Portanto, a celebração da paz é um motivo que está ligado a este livro”, justifica.
O romance “O Grande Império Kassitur na Dinastia Sekele” foi lançado em Luanda em Dezembro de 2020, sob chancela da União dos Escritores Angolanos, tendo sido alvo de uma cobertura na imprensa local que permitiu que um vasto público tivesse uma noção clara dos temas tratados na obra.
F. Tchikondo destaca que o livro teve uma penetração na opinião pública nacional bastante forte, o que motivou o despertar da curiosidade de entidades individuais e colectivas, sendo convidado para fazer apresentações da obra em círculos acadêmicos e a leitores e escritores numa das edições de 2021 da rubrica “Textualidade – conversa com os leitores”, promovida pelo Memorial Dr. António Agostinho Neto.
No ano passado foi realizada uma cerimónia de apresentação do livro para as empresas e o corpo diplomático acreditado no país, que se realizou numa unidade hoteleira de Luanda, na qual as entidades presentes manifestaram interesse pelo conteúdo da obra e pela sua publicação no estrangeiro.
“As diversas apresentações para diferentes públicos permitiram que fosse conhecida a história tratada no livro. O primeiro a manifestar interesse foi o embaixador da África do Sul em Angola, que avançou com a intenção de ver o livro publicado no seu país. Na sequência deste pronunciamento, uma editora sul-africana convidou-me a ceder os direitos de publicação, o que veio a acontecer oportunamente, dando origem a versão em inglês a ser apresentada amanhã em Kigali”, explica.
F. Tchikondo conta que a obra foi editada na África do Sul, onde neste momento já está a ser vendida, com um número de exemplares praticamente esgotado, tendo depois surgido o interesse do Ruanda, que solicitou que o livro fosse igualmente editado e vendido naquele país.
Nigéria, Portugal e Brasil são os próximos destinos
“A internacionalização do romance angolano “O Grande Império Kassitur na Dinastia Sekele” continuará a cumprir uma agenda que não se esgota em África, visto que F. Tchikondo garante que tem traçado como próximos destinos a Nigéria, Portugal e o Brasil. O escritor detalha que a Nigéria também se interessou pelo livro, tanto que já tem contactos avançados para que a obra seja igualmente editada e vendida nas terras de Wole Soyinka, escritor nigeriano galardoado com o prémio Nobel da Literatura, em 1986.
“Neste momento já estamos em negociação para que também aconteça um lançamento na Nigéria. Mas não foram apenas estes países de expressão inglesa que se interessaram pelo livro, o Brasil também se interessou, por via de uma editora daquele país que também publica obras em Portugal, que já se adiantou com a celebração de um contrato que permita a e edição do livro nestes dois países da língua portuguesa, podendo acontecer dentro de pouco tempo”, partilha.
No entender do escritor F. Tchikondo, o interesse nacional e internacional pelo livro surge por trazer a abordagem de uma Angola, e por extensão uma África, que daqui a 150 anos muda completamente.
“Muda em termos de evolução, com mudanças pelas quais temos de estar preparados. Os padrões alteram-se, quer económicos, políticos, demográficos e inclusive dos relacionamentos matrimoniais, bem como o quadro de valores de referências éticas e morais sofrem uma evolução. Essa evolução foi a técnica utilizada na narrativa do meu livro, para colocar o leitor nessa distância de daqui a 150 anos, vivendo essa nova realidade mas olhar a partir dessa realidade o presente”, defende.
Para F. Tchikondo, ainda na sua análise da obra, é por via desse olhar a partir de novos padrões e valores que se olha para a realidade de hoje, resultando uma avaliação crítica de como as coisas evoluíram até atingir esse novo quadro.
“Eu escolhi a parte económica para fazer a avaliação crítica. Como é se formam as empresas na nossa realidade e como é que as mesmas evoluíram até chegar daqui a 150 anos? E vemos então a surgir uma empresa no sector do turismo que depois toma a dimensão de um império, que teve origem na nossa economia informal. É feita por um cidadão vulgar, sem outra capacidade que não seja a sua curiosidade, empreendedorismo e a sua luta num ambiente muito controverso, de acumulações de riqueza”, pontua.
Na companhia de David Capelenguela e Bitombokele Gomes
Na cerimónia de lançamento na cidade de Kigali, o escritor F. Tchikondo estará acompanhado pelo secretário-geral da União dos Escritores Angolanos, David Capelenguela, e pelo reverendo Bitombokele Lei Gomes, um estudioso profundo do romance “O Grande Império Kassitur na Dinastia Sekele”, a quem caberá a apresentação do livro.
“Bitombokele Gomes conhece o livro melhor do que eu. Porque ele fez um estudo para além daquilo que escrevi em texto, através do qual fez relações que me surpreenderam verdadeiramente”, afirma F. Tchikondo.
Por sua vez, David Capelenguela reconhece ser mais um grande passo da literatura angolana com a edição em inglês do romance de F. Tchikondo a ser lançado no dia em que o país celebra a paz, realçando que a União dos Escritores Angolanos tem feito um esforço muito grande para cada vez mais se mostrar fora das fronteiras do país.
“A paz deve ser construída diariamente e o desafio de podermos de contribuir com a literatura também deve ser permanente. Está de parabéns a literatura angolana, porque a cerimónia de amanhã vai mostrar os feitos, por via da literatura, da nossa cultura e identidade”, defende.