Angola arrebata 36 peças etnográficas nacionais num leilão em Lisboa
A Embaixada de Angola em Portugal, em representação do Estado e devidamente mandatada, arrebatou, na segunda-feira passada, 36 das 38 peças de artesanato nacional que foram leiloadas em Lisboa pelos herdeiros do engenheiro Elísio Romariz dos Santos Silva, um coleccionador de arte português foi comprando peças durante vários anos que viveu em Angola.
A recuperação destas 36 peças, em leilão, de um coleccionador privado, o que sucede pela primeira vez desde a independência nacional, vai enriquecer o acervo cultural de Angola, naquilo que sublinha a importância da recuperação e preservação da cultura nacional, das artes e do seu significado para cada povo. Trata-se, também, de um modo de afirmação da defesa da identidade e da salvaguarda do nosso património.
O empenho da Embaixada de Angola em Portugal na recuperação do maior número de peças desta colecção insere-se no esforço nacional para que as futuras gerações tenham contacto directo com peças etnográficas nacionais, de várias regiões do país, eelaborado nas décadas de 50, 60 e 70 e assim reforcem as suas raízes culturais.
Uma das duas peças que não foram arrebatada por Angola, devido ao elevado preço de licitação (110 mil euros), é uma máscara Mwana Pó, que figura nos apontamentos impressos destruídos aos licitadores como A Escultura Tribal dos Povos Bantu, versão actualizada, de 1995, do trabalho com o título A Escultura Negro-Africana Vista à Luz da Filosofia Bantu, que o autor apresentou em 1971 por ocasião dos XXII Jogos Florais da Câmara Municipal de Nova Lisboa (Huambo).
Foi no Museu do Dundo que o engenheiro Elísio Romariz dos Santos Silva estabeleceu os contactos que lhe permitiram aprofundar o interesse pela cultura angolana, tendo participado na criação do Museu de Etnografia do Lobito.
O leilão foi promovido pela Cabral Moncada Leilões e incluiu ainda peças da Guiné Bissau, Moçambique, Libéria, África do Sul e RDC.