José Valente Pimpão: um polícia angolano ao serviço da ONU e o sonho de ser embaixador
Natural da província de Malanje, o superintendente-chefe José Valente Pimpão, de 56 anos, é um dos primeiros angolanos a integrar uma missão de paz nas Nações Unidas.
José Valente Pimpão é quadro da Polícia Nacional desde 1992. Antes, cumpriu a carreira militar iniciada em 1986.
Há mais de 30 anos a servir o país, participou nos últimos 14 anos em vários exercícios e cursos ligados a operações de Apoio à Paz, que culminaram com a sua integração na missão das Nações Unidas no Sudão do Sul, e da intendente Sarita Domingos Tomás de Almeida, também angolana.
Os dois oficiais da Polícia Nacional foram apurados para uma formação de efectivos promovida pela Divisão de Polícia do Departamento de Operações de Paz da ONU que decorreu em Fevereiro de 2022 na Academia Policial de Ancara, na Turquia.
Inicialmente, a missão duraria um ano, mas, em função da competência apresentada pelos efectivos, estendeu-se por dois.
“As Nações Unidas aparecem para chegarem a um entendimento comum. É preciso que haja polícia internacional com a missão de instruir a polícia do país pós -conflito, para que eles cumpram o que está estabelecido na lei. Ali, nós temos a missão de formar”, explica.
A missão. que durou dois anos. contou com 19 mil efectivos, incluindo civis, militares e polícias de várias nações do mundo, onde Angola, pela primeira vez na sua história, foi representada no Sudão do Sul.
O superintendente-chefe começou o primeiro ano da missão com a função da chefe da Equipa de Conselheiros de Crimes Comuns Diversos e membro da Comissão de Inquérito.
O oficial, que domina o inglês e francês, línguas usadas na missão, recomenda aos profissionais angolanos em qualquer área de actuação a aprenderem línguas.
“Nós somos cerca de cento e tal mil polícias em Angola, para sermos nós os escolhidos, não foi uma coisa qualquer. É preciso mostrar mesmo capacidade operacional e eu investir muito na língua inglesa, porque eu sabia que, tarde ou cedo, ia conseguir”, afirma.
No Sudão do Sul, José Valente Pimpão foi também nomeado a comandante provincial na cidade de Yei River County, Central Equatoria State, função que desempenhou durante oito meses. Agora, em fim de missão, volta a Angola para mostrar a experiência adquirida nestes dois anos junto das Nações Unidas e sonha tornar -se embaixador.
“Como a colega Sarita, seremos a bandeira assim que terminarmos a missão. Seremos embaixadores dessa missão que é transmitir a mensagem aos governantes de Angola. Aliás, só o facto de o Chefe de Estado ter sido indicado como Campeão da Paz, isso é diplomacia. É uma diplomacia muito intensa. Então, se o Presidente está lá no topo como Campeão da Paz em África, então nós, os seus súbditos, o que temos que fazer é seguir o exemplo”, refere.
“O meu sonho é ser embaixador. Eu sempre sonhei em ser embaixador ou, no mínimo, ser um comandante, um comandante provincial, porque pelo tempo que eu estou nas missões das Nações Unidas, que é grande, eu acho que só dá para ser comandante provincial, para ser um modelo novo.
O desdobramento dos oficiais angolanos ocorreu na sequência da aprovação da Lei sobre o Envio de Contingentes Militares e Paramilitares angolanos às Missões de Manutenção de Paz no Exterior do País, aprovada pela Assembleia Nacional, em Maio de 2021.
Tr